As demissões em massa e a substituição de funcionários públicos por inteligência artificial nos EUA afetarão o Brasil e os BRICS?

As demissões em massa impostas pelo governo n4zi$ta de El0n Mu$k e Trump nos EUA, que resultaram na exclusão de pelo menos 10 mil servidores federais em uma semana, não são apenas uma questão interna, mas um processo com impactos globais. Essas vagas de trabalhadoras e trabalhadores humanos estão sendo substituídas por robôs ou sistemas automatizados com inteligência artificial (IA), como parte de uma estratégia que visa consolidar o controle político, cultural, social e econômico de forma autoritária, inclusive, ultrapassando as fronteiras dos EUA. O projeto dos EUA de substituir o trabalho humano por agentes de inteligência artificial empurra o mundo nessa direção. Países que não adotarem essas tecnologias ficarão para trás, enquanto aqueles que dependerem das soluções oferecidas pelas big techs estadunidenses estarão sob seu controle. Por outro lado, nações que adotarem tecnologias pouco seguras poderão se tornar alvos fáceis de invasões cibernéticas. Essa situação terá reflexos profundos no Brasil e em outros países que não conseguirem construir sua soberania digital, no contexto das disputas geopolíticas e das relações de poder global. Trump busca, com essas demissões, eliminar do serviço público aqueles que discordam de suas ideias, construindo seu domínio absoluto sobre o Estado. Isso aumentará seu poder dentro e fora dos EUA, além de reduzir a diversidade de opiniões e garantir que apenas indivíduos alinhados ao seu governo ocupem posições estratégicas no Estado. A centralização da gestão por meio de IA permite o monitoramento de todas as atividades governamentais, facilitando a eliminação de tudo aquilo com que Trump e El0n Mu$k discordarem. Esse modelo de gestão totalitária será exportado para países aliados dos EUA, onde governos próximos também poderão adotar práticas semelhantes para fortalecer seu controle interno. A divisão global entre os países alinhados ao BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e aqueles subordinados aos EUA torna-se cada vez mais nítida. Diante do avanço dos BRICS e da crescente desdolarização da economia mundial, Trump e seus aliados buscam acelerar uma nova guerra global semelhante à Guerra Fria, desta vez centrada em uma disputa tecnológica que divide o mundo em dois polos: de um lado, os BRICS, e do outro, os EUA e seus aliados. Os EUA estão determinados a recuperar o seu poder de controle global a qualquer custo. Para isso, estão construindo um modelo de governança autoritário baseado na inteligência artificial (IA) de vigilância. Os países alinhados aos EUA serão pressionados a adotar tecnologias de IA das empresas estadunidenses para ampliar o controle absoluto sobre o setor público. Essas ferramentas não apenas facilitam uma gestão centralizada, como também reforçam a influência dos EUA nas decisões internas dessas nações, consolidando sua hegemonia política e econômica. Além disso, os agentes de IA de atendimento serão utilizados para ampliar a capacidade de controle e manipulação das subjetividades. Através das tecnologias da Apple, Google, Meta (Facebook, Instagram e WhatsApp), Amazon, X (antigo Twitter) e Microsoft, os EUA podem interagir diretamente com cidadãos de países do BRICS, incluindo o Brasil. Isso aumentará a capacidade do governo autoritário dos EUA de interferir nas políticas nacionais desses países, promovendo conteúdos que favoreçam seus interesses e reduzindo o alcance de notícias sobre fatos e análises críticas. Eles também poderão controlar serviços de atendimento estrangeiros dentro de cada país aliado ou adversário. Essa estratégia de manipulação já é uma realidade global e pode ser intensificada no Brasil, onde a polarização política e a dependência de redes sociais criam um ambiente propício para tais intervenções. O recente episódio em que o Google enviou alertas falsos para cidadãs e cidadãos brasileiros sobre um terremoto que não ocorreu, bem como a desinformação disseminada por El0n Mu$k para promover manifestações contra o presidente Lula, são exemplos recentes do tipo de manipulação que está sendo produzida. O pior de tudo é que o Brasil ainda não sabe como se proteger disso. Por isso, é fundamental que possamos avaliar criticamente essas tendências e buscar alternativas que priorizem a soberania brasileira, que inevitavelmente passa pela soberania tecnológica. Por Everton Rodrigues: Movimento Software Livre e Economia Solidária

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